O presidente do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE) e tio do ex-governador Cássio Cunha Lima, conselheiro Fernando Catão, reconheceu que o ex-governador José Maranhão (PMDB) tem uma grande capacidade administrativa e uma larga experiência na vida pública. As declarações foram dadas em entrevista exclusivas ao MaisPB.
De acordo com Catão, ninguém assume os cargos que o peemedebista ocupou sem o merecê-lo. “A pessoa não é impunemente governador três vezes, senador e deputado algumas vezes”.
Na entrevista Catão falou sobre a influência de José Maranhão no Judiciário, sobre o governo de Cássio Cunha Lima, Ricardo Coutinho e sobre realizações e frustrações do homem público e do cidadão Fernando Catão.
MaisPB – O senhor já foi ministro da Integração e sabe como são os tramites no Governo Federal. O senhor acha que José Maranhão Merece ser ministro da presidente Dilma Rousseff?
Fernando Catão – O ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal Maranhão é o homem de experiência larga na administração pública. A pessoa não é impunemente governador três vezes, impunemente senador, impunemente deputado algumas vezes. Ele é um homem que começou aos 18 anos. Então, tem todo o conhecimento da administração pública brasileira, não tem nenhum fato que eu possa ser contraio ao ex-governador José Maranhão.
MaisPB – Sem citar nomes, existe algum conselho que sofra influência do ex-governador José Maranhão ou do grupo ligado a ele?
Fernando Catão – Não vejo isto. Eu acho que os órgãos da Paraíba têm, cada um no seu campo, exercido seu papel com completa independência. Agora, o que se tem na legislação brasileira é a forma da indicação. É evidente que qualquer indicação terá seu viés político, para Tribunal de Contas, para Tribunal de Justiça, para Supremo Tribunal Federal. Não tem como ser diferente, pois nós somos humanos e fazemos política até dentro de casa. Nós estamos passando por um momento em que a palavra política esta sendo deturpada. Esta sendo usada com uma serie de malversação. Temos uma série de crise ética no país que está sendo atribuída a política, mas não é isto. Existe uma crise ética geral no país.
MaisPB – Qual é o colegiado mais influenciado pelo ex-governador José Maranhão, proporcionalmente, por número de componentes ou pela força?
Fernando Catão - Eu não me aventuraria a fazer nenhum juízo de valor nesta questão. Eu acho que o Judiciário, o Ministério Público, Tribunal de Contas, as instituições da Paraíba, a Assembleia Legislativa, cada um age independentemente. O Tribunal de Contas às vezes paga um preço alto por esta questão, até porque nossa questão de julgamento é muito estreita, ou seja, ou vai para um lado ou para outro. O problema é que aqui na Paraíba tudo se transforma num partido do cordão azul ou cordão encarnado, então até uma gravata que se coloca vira um fato político. Eu acho que com o tempo esta questão melhorará, mas vale ressaltar que já melhoramos muito.
MaisPB – Qual a sua avaliação do primeiro ano de mandato de Ricardo Coutinho à frente do Governo de Estado?
Fernando Catão - Nunca é bom no exercício de um poder fazer avaliação sobre o exercício de uma outra pessoa que também esta exercendo um cargo público. Eu prefiro não emitir juízo de valor sobre esta questão. A única coisa que posso falar é que tem as vicissitudes e as dificuldades que qualquer gestor público do país tem.
MaisPB – Em sua opinião, qual o ponto que o governo de Cássio Cunha Lima foi superior ao de Ricardo Coutinho e vice e versa?
Fernando Catão – Eticamente eu no posso me pronunciar sobre esta questão. Não posso publicamente dá opinião de a, b ou c, porque lá na frente irei julgar atos destas pessoas e não fica bem emitir juízo de valor sobre estas questões.
MaisPB - Qual o seu maior sonho como gestor público?
Fernando Catão – Dar o máximo de mim para fazer o melhor possível pela tarefa que esta sob minha responsabilidade. O principio básico para isto é a consciência de que eu sempre posso fazer amanhã algo melhor do que fiz ontem. Eu tenho isto como princípio. Claro que surgirão pessoas que farão melhor, mas o que eu posso fazer é dar o máximo de mim para fazer o melhor e isto me basta.
MaisPB - Qual a sua maior realização como homem público?
Fernando Catão – Um dos momentos que eu vivi de maior experiência como administrador público foi na execução do Plano Plurianual do exercício de 1990, quando fui secretario de Planejamento de Estado. Então, promovemos a discussão do PPA para o Estado de forma democrática e participativa. Foram 35 reuniões do Estado, o em que discutimos com os prefeitos e a sociedade as ações do Governo. Eu creio que aquilo foi um momento de muita democracia, um momento de muita interação entre o Governo e a sociedade.
MaisPB - Qual a sua maior frustração ?
Fernando Catão - É não ter executado planejar. Eu fui autor de algumas peças de planejamento, tanto de área municipal, estadual como federal e na administração pública. É como quando se vai fazer uma mudança de uma casa para outra e se coloca naquele cargo tudo o que se tem, só que se começa a andar e vai vendo que o pneu do carro não vai aguentar, o combustível não vai dar e você vai tendo que jogar coisas fora. Ao fim se constata que você chegou só com o fogão, a geladeira e a mesa: foi o que sobrou é que o básico para qualquer sobrevivência. Então, isto dá certa frustração, porque neste jogar fora de projetos, tem ideias, tem projetos que tinha tudo para ser muito efetivo, muito bom para sociedade, mas que por um motivo ou outro fica no meio do caminho.
MaisPB - Qual o seu maior sonho como cidadão?
Fernando Catão – Como homem público, vou dizer meu sonho de público. Eu sonho em ver um Paraíba em paz politicamente. É ver uma Paraíba mais eficiente na aplicação dos seus recursos. Ver a sociedade paraibana, no papel de fiscalização melhor e de exigências melhor. E como estou falando para a imprensa, porque não uma imprensa mais consciente do seu papel, ou seja, que não instigando o lado azul e encarnado que se pode fazer imprensa. A imprensa hoje é um bem da sociedade, é um ganho da humanidade eu acho que tem outras formas de fazer imprensa que vão além de se discutir, apenas, fatos que diz respeito ao lado azul ou encarnado. Isto me deixa entristecido porque os problemas básicos do Estado que não estamos discutindo, estamos discutindo o supérfluo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário